Angola diagnosticou de Janeiro até à presente data 12 milhões de casos de malária e, deste número, cerca de seis mil acabaram por morrer, informou, domingo, no Dubai, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.
Após apresentar no painel “O impacto das alterações climáticas no aumento das doenças tropicais”, a governante disse à imprensa que os casos de malária tendem a subir, devido, cada vez mais, aos défices no diagnóstico precoce nos anos anteriores.
Na visão da ministra, apesar das mortes por malária chegarem às seis mil, ainda assim, se pode dizer que a taxa de mortalidade reduziu, prosseguiu Sílvia Lutucuta, é um sinal de que, além do diagnóstico precoce da doença, os pacientes estão a receber tratamento, e, mesmo em casos mais graves, há fármacos adequados.
“Queremos evitar que mais pessoas morram por malária. Por isso, o Governo está a fazer tudo para proteger a população, por meio de vacinas e programas que visam educar e mobilizar as pessoas a fim de se protegerem e procurarem os hospitais, sempre que tiverem febres ou outro mal-estar”, aconselhou a governante.
Alterações climáticas e doenças negligenciadas
No que toca à participação do sector da Saúde na COP28, a ministra mostrou-se “muito feliz pelo convite”, pois “isso demonstra claramente que os países estão cada vez mais preocupados com a saúde das nossas populações”.
Na opinião de Sílvia Lutucuta, as cimeiras anteriores estavam mais viradas à situação das alterações climáticas como tal. Mas, agora, se percebeu que as alterações climáticas são um determinante importante na saúde das populações.
“Não importa o lugar em que vivemos. Se não nos preocuparmos em cuidar do meio ambiente, tanto a emissão de dióxido de carbono, efeito estufa e todos os gases poluentes que forem emitidos afectam directamente a nossa saúde”, sublinhou a ministra.
Para Sílvia Lutucuta, por conta das alterações climáticas, registam-se muitas induções causadas por fortes chuvas, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de vectores causadores da malária e outras doenças negligenciadas.
As alterações climáticas, realçou a ministra, também causam a seca, este fenómeno, que muda o padrão nutricional das populações, provocando a desnutrição grave, que muitas vezes leva à morte. “Existem lugares onde há escassez de água e, por conta disso, muitos apanham cólera e sarna por usarem água imprópria”, reiterou.
Além da malária, Sílvia Lutucuta explicou que as alterações climáticas contribuem significativamente para o aumento de doenças como a dengue, chikungunya, zika, arboviroses, tripanossomíases, schistosomiasis e oncocercose.
Para a titular da pasta da Saúde, as alterações climáticas, por estarem relacionadas com a poluição do meio ambiente, também têm um peso muito grande no agravamento das doenças crónicas.
“Daí o Ministério da Saúde defender que o combate às alterações climáticas deve ser transversal, envolvendo todos os sectores da vida humana, porque as consequências afectam todos, principalmente, os países com menos recursos financeiros”, argumentou Sílvia Lutucuta.
Fonte: JA