Angola está na lista dos 10 países do mundo com a taxa mais baixa de vacinação contra o sarampo, de acordo com dados recentes divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), informou, está sexta-feira, o especialista em Saúde Pública, Jeremias Agostinho.
Em declarações ao Jornal de Angola, Jeremias Agostinho disse que, até 2023, a taxa de vacinação contra o sarampo estava abaixo dos 60 por cento, segundo dados do UNICEF, e o país, nessa altura, estava entre os 12 Estados com as taxas mais baixas de vacinação.
Hoje, explicou, Angola entrou na lista dos 10 países com a taxa mais baixa na luta contra o sarampo, e isso acontece porque há muitos desafios como o acesso às áreas remotas, a desinformação sobre a doença e a resistência que muitas famílias têm em ir às unidades sanitárias.
“Tudo isso tem dificultado o alcance das metas estabelecidas tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela UNICEF”, frisou o médico.

Segundo Jeremias Agostinho, as pessoas também não se vacinam por algumas vezes, haver ruptura temporária de stock de vacinas, além da pandemia de Covid -19 que agravou a situação”, explicou.
E esta baixa cobertura vacinal, frisou, tem preocupado os especialistas, pois o sarampo é uma doença altamente contagiosa e potencialmente fatal, especialmente entre crianças.
Como resultado, explicou, o surgimento de vários casos de sarampo que têm sido registados em províncias como Moxico, Huambo, Bié e Benguela.
Outro problema apontado pelo também médico pediatra, é a preferência de algumas famílias nos tratamentos tradicionais, especialmente, em regiões como Moxico, Cuando, Cubango, Bié e Huambo.
Quanto à ruptura de stock de vacinas, o médico esclareceu que, embora existam períodos de falta de recursos, esses não costumam ser prolongados, e os centros de Saúde geralmente têm doses disponíveis.
Questionado sobre o número de doses que a criança deve apanhar para estar imunizada, Jeremias Agostinho explicou que a primeira dose deve ser feita aos nove meses e a segunda aos 15 como vacinação de reforço.
Sobre a letalidade da doença, o médico pediatra ressaltou que a taxa é baixa, mas varia de acordo com os anos. “Já tivemos épocas com cerca de 800 casos registados, e apenas um óbito, como ocorreu em 2018. Em média, de cada 100 crianças infectadas, uma ou duas podem ir ao óbito.”
De acordo com o especialista em Saúde Pública, o sarampo é tão contagioso que uma só criança com esta doença pode infectar 90 por cento das crianças dentro da comunidade, por isso, a vacinação é a forma mais eficaz para prevenir a doença.
Daí que, sublinhou, as autoridades de Saúde reforcem a importância da imunização para prevenir surtos e proteger as populações mais vulneráveis. O aumento das iniciativas de conscientização e a mobilização de recursos são apontados como medidas cruciais para reverter o actual cenário no país.
Definição da doença
Jeremias Agostinho define o sarampo como sendo uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus chamado Morbillivirus, cuja transmissão ocorre por meio de tosse, fala, espirros ou respiração próxima de outras pessoas.
O médico pediatra realçou que o sarampo é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países em desenvolvimento onde Angola se encontra.
O sarampo tem como complicações a diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez, retardo do crescimento, infecções de ouvido, encefalite aguda (inflamação no encéfalo, parte do sistema nervoso dentro do crânio) e, por fim, a morte.
Por: Jornal de Angola