Um estudo realizado em 2022, no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, revelou que mil e 667 crianças nasceram com cardiopatias congênitas acianóticas, enquanto 364 foram diagnosticadas com cardiopatias congênitas cianóticas. Os dados foram apresentados pelo presidente da II Jornada Científica em Cardiopneumologia, Rogério Manuel, durante o encerramento da atividade que ocorreu neste sábado, na Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas (ENAPP).
De acordo com Rogério Manuel, as cardiopatias congênitas acianóticas caracterizam-se pela passagem de sangue das câmaras esquerdas do coração para as direitas, através de uma comunicação anormal que pode ocorrer em três níveis: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV) ou persistência do ducto arterioso (PCA). No caso das cardiopatias cianóticas, o sinal mais evidente é a falta de oxigênio suficiente no sangue, o que gera uma coloração azulada na pele das crianças.
O especialista destacou que, entre as cardiopatias acianóticas, a mais prevalente é o canal auriculoventricular, com 285 casos diagnosticados, seguido da comunicação interventricular, com 515 casos, representando 25% da amostra analisada.
Outro estudo, focado nas cardiopatias congênitas no período neonatal, indicou que a comunicação interventricular foi a mais comum, correspondendo a 53,5% dos casos, seguida da comunicação interatrial, com 16,8%.
No que diz respeito ao gênero, Rogério Manuel sublinhou que pesquisas anteriores sugerem uma maior prevalência dessas condições em meninas.
Apesar da gravidade dessas patologias, o cardiopneumologista garantiu que o diagnóstico precoce tem sido uma realidade em Angola, graças aos avanços tecnológicos e à capacitação de novos profissionais. O rastreio para detecção de cardiopatias congênitas tem sido feito nos primeiros anos de vida, permitindo intervenções mais eficazes.
Avanços no Diagnóstico e Tratamento
Rogério Manuel ressaltou os progressos no diagnóstico de cardiopatias congênitas no país, atribuídos ao desenvolvimento de novas tecnologias e à formação contínua de profissionais da saúde. Esses avanços têm possibilitado a identificação precoce das condições cardíacas, oferecendo melhores perspectivas de tratamento para as crianças afetadas.
O especialista concluiu sua apresentação expressando otimismo em relação ao futuro do tratamento dessas patologias no país, especialmente com o aumento da formação e especialização de cardiopneumologistas e outros profissionais de saúde.
A II Jornada Científica em Cardiopneumologia, da qual Rogério Manuel foi presidente, promoveu debates e a troca de conhecimentos sobre as cardiopatias congénitas, contribuindo para o fortalecimento da rede de diagnóstico e tratamento dessas condições no território nacional.
JA