19 de Fevereiro, 2025
Tratamentos tradicionais no Moxico resultam em remoção de úteros
NotíciaSaúde feminina

O uso de medicamentos tradicionais após o parto tem colocado em risco a vida de mulheres no Moxico, levando a um aumento no índice de histerectomia, a cirurgia de remoção do útero, segundo informou a ANGOP. A Maternidade Provincial do Moxico registrou um cenário preocupante, com dois casos por semana de mulheres e adolescentes, entre 16 e 25 anos, ingressando na unidade com prognósticos reservados devido à prática de banhos e assentos terapêuticos caseiros à base de ervas.

Complicações Graves e Irreversíveis

Segundo o Dr. Assunção Wica, diretor clínico da instituição, em declaração a ANGOP, tais práticas podem desencadear sérias complicações de saúde, muitas vezes com consequências irreversíveis, como a falência ou perda do útero por causa de infecções generalizadas. “`as vezes, para proteger o bem vida, temos como única saída a retirada radical do útero, por  más práticas do uso de medicamentos tradicionais ou então o banho de assento com ervas”, alerta o médico.

Histórias de Sofrimento

Rosa Txizuza, de 31 anos, é um exemplo das vítimas dessa negligência. Após dar à luz e receber alta hospitalar, ela esfregou ervas na região da cesariana, seguindo o conselho de familiares para acelerar a cicatrização. No entanto, a prática resultou em infecção generalizada, obrigando-a a passar por duas cirurgias, a segunda das quais culminou na remoção do útero, impossibilitando-a de engravidar novamente.

Outro caso igualmente trágico é o de uma adolescente de 16 anos, que após um parto realizado em casa à base de ervas, teve que ser submetida à histerectomia e anexectomia bilateral (remoção das trompas e ovários). O bebê, infelizmente, não resistiu e faleceu dois dias depois.

Prevenção e Conscientização

Diante dessa realidade alarmante, o Dr. Assunção Wica reforça que nas consultas de rotina, as gestantes são orientadas sobre os cuidados adequados durante e após a gestação, a fim de evitar procedimentos desnecessários e perigosos. O profissional desaconselha veementemente o uso de medicamentos tradicionais e outras práticas caseiras, que colocam em risco a vida das mulheres e contribuem para o aumento do índice de histerectomia em jovens e adolescentes.

Um Alerta para a Sociedade

A história de Mariza Tchilombo, uma jovem de 20 anos que perdeu os seios após um tratamento mal sucedido de mastite por um curandeiro, serve como um alerta adicional para os perigos do tratamento inadequado de doenças.

Estatísticas Reveladoras

As mulheres representam 52% da população do Moxico, com cerca de 522 mil habitantes do sexo feminino, em um universo de um milhão e 24 mil pessoas na província. Esses números evidenciam a necessidade urgente de ações de conscientização e promoção da saúde para garantir o bem-estar das mulheres e evitar tragédias como as descritas nesta reportagem.

O uso inadequado de medicamentos tradicionais e outras práticas caseiras após o parto representa um sério problema de saúde pública no Moxico, com consequências graves e irreversíveis para as mulheres. É fundamental que as autoridades competentes tomem medidas para combater essa prática e promover a saúde feminina através de campanhas de conscientização, educação e acesso a serviços de saúde de qualidade.

Fonte: ANGOP

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