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Cancro da Próstata, suas particularidades e tratamento.
ArtigosÓscar Paulo, JR.Saúde e Medicina

O cancro de próstata é, essencialmente, a principal doença maligna na população masculina mundial. Apesar de muito conhecida e destacada nas campanhas de educação à saúde associadas ao “Novembro Azul”, alterações estruturais e funcionais da próstata, atreladas a evolução desta doença, são lentas e os seus sintomas são muito variados. Dentre os principais factores de risco para seu surgimento constam a história familiar de câncer, abuso de álcool, envelhecimento e aumento de testosterona e estradiol.

À nível anatômico e funcional, a próstata localiza-se na pelve e é circundada pelo reto, bexiga e por complexos venosos e neurovasculares que são responsáveis pela função erétil, controle e expulsão da urina.

Sob espectro mundial, necropsias de homens com 80 ou mais anos de idade revelam alterações celulares prostáticas em mais de 90% dos indivíduos e, dentre estes, mais de 60% apresentam câncer de próstata. Atualmente, estima-se que 40% dos diagnosticados com esta doença têm início precoce (causados por mutações nos genes BRCA1, BRCA2, RNASEL, MSH2, MLH1e HOXB13) e 5-10% são de origem hereditária. A incidência desta doença varia de acordo com a etnicidade, homens negros (ou afrodescendentes) são mais acometidos e têm sintomas mais intensos e preocupantes, em comparação à indivíduos caucasianos. No continente africano há muitas inconstâncias e incertezas devido aos problemas estruturais de base de dados, estudos epidemiológicos e subnotificação.

De acordo com o Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC) o cancro de próstata representava 4% dos casos diagnosticados pela instituição durante os anos de 2007-2011 e a grande parte dos diagnosticados tinham a idade compreendida entre 60-75 anos, o pódio em ordem crescente de número de casos é ocupado pelo Huambo (3º), Benguela (2º) e Luanda (1º). Já em 2019, o IACC revelou que esta percentagem aumentou de 4% para 7,1%, mas o pódio se mantém e as principais instituições que agregam estes dados epidemiológicos são: Hospital Américo Boa Vida, Hospital Josina Machel, Hospital do Prenda, Hospital Militar Central, Clínica Sagrada Esperança e Clínica Girassol.

Em sua fase inicial o câncer de próstata é assintomático e no decorrer do tempo há alterações no jato urinário (quanto a intensidade, volume e número de micções diárias) com ou sem a presença de sangue, impotência sexual e dor óssea.

O diagnóstico desta doença é feito por um conjunto de fatores que incluem a avaliação médica, toque retal, dosagem hormonal do PSA, exame de imagem (ressonância magnética multiparamentar) e biópsia protática.

Apesar de ser uma doença com evolução lenta e a maioria dos acometidos serem idosos, o câncer de próstata é tratado de diferentes formas que pode ser curativa (como radioterapia e prostatectomia), paliativa (como quimioterapia e supressão androgênica) ou seguimento contínuo a partir do padrão de diagnóstico citado no parágrafo anterior. Além disto, esta patologia pode ter desfechos muito dolorosos que incluem metástase óssea, pulmonar, hepática ou de outros órgãos.

O grande tabu associado ao câncer de próstata está na realização do exame de toque retal. Este exame, quando associado aos sintomas e dosagem do PSA, é fundamental para efetuar o diagnóstico precoce ou determinar a conduta médica para melhoria da qualidade de vida do portador e, por este e outros motivos, é recomendável que homens a partir dos 50 anos realizem este exame.

O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.

Artigo de Óscar Paulo.

Óscar Paulo JR, graduando de Medicina e monitor de Habilidades Clínicas na SLMANDIC – Faculdade São Leopoldo Mandic.
Presidente da Liga de Medicina Intensiva da SLM – Campinas (Dez. 2021 – Jan. 2023)
Tesoureiro da Liga de Cardiologia da SLM – Campinas (Jan 2021 – Jan 2023).
Voluntário e diretor do GEPE da Change 1’s Life AO (2020-2021).

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