Na década de 1980 o Vírus Imunodeficiência Humana (HIV) foi descoberto pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica de USA devido o aumento significativo e inesperado de doenças incomuns como pneumonias (por P. carinii) e cancros (como sarcoma de Kaposi). Durante esta época, factos como a existência de 2 subtipos de HIV e que grande parte dos acometidos eram homossexuais masculinos chamaram a atenção de vários cientistas, mas isto mudou quando os testes foram ampliados e percebeu-se que o HIV infetava homens e mulheres. Além disto, nesta mesma década, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi identificada e intimamente associada ao estado avançado pós-infeção por HIV.
A doença causada pelo HIV é, essencialmente, caracterizada pela queda e destruição progressiva dos linfócitos, tidos como “maestros” do sistema imune, que predispõe o indivíduo as doenças oportunistas. A maioria das infeções por HIV ocorrem de forma sexual, mas também podem ocorrer quando há contato com sangue, hemoderivados ou tecidos infetados, uso de drogas ilícitas injetáveis e transmissão “vertical” (intra-uterina, intraparto ou pelo aleitamento materno).
O diagnóstico desta doença é feito semanas ou meses após a infeção por meio de exames sanguíneos (tidos como sorológicos ou moleculares) e testes rápidos. Dentre as principais formas de prevenção primária constam o uso de preservativos durante as relações sexuais e profilaxia pré ou pós-exposição ao vírus. Até agora, Dez-2023, não há algum método científico de cura contra HIV/SIDA outorgado por órgãos responsáveis, mas o seu tratamento é baseado em uso contínuo de medicamentos antirretrovirais (tidos como TARV) por tempo indeterminado. Este grupo de fármacos permite que o sistema imune do contaminado tenha ação eficiente e que outros indivíduos não sejam contaminados.
A dinâmica desta doença é mais intensa em África com cerca de 25,7 – 36,7 milhões de infetados em vida e 1,1 milhões de novos infetados anualmente. Neste continente, a região mais afetada é a África-Subsaariana com uma prevalência maior de 10% na população entre os 15-49 anos de idade. Estes dados refletem, concretamente, problemas estruturais dos sistemas de saúde, níveis baixos de educação à saúde, socioeconômicos, tabus e mitos.
À nível nacional, Angola tem dado uma resposta progressiva, produtiva e eficaz de saúde pública aos desafios ao engendrar o Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA que é o principal “braço” do Ministério da Saúde e responsável pelo planeamento, execução e fiscalização contínua no combate contra o HIV/SIDA. Estas ações refletem na criação de mais de 800 unidades terapêuticas distribuídas por todas províncias com o intuito de descentralizar o cuidado e aliviar o utente na prestação de serviços de saúde do país.
O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.
Artigo de Óscar Paulo.
Óscar Paulo JR, graduando de Medicina e monitor de Habilidades Clínicas na SLMANDIC – Faculdade São Leopoldo Mandic.
Presidente da Liga de Medicina Intensiva da SLM – Campinas (Dez. 2021 – Jan. 2023)
Tesoureiro da Liga de Cardiologia da SLM – Campinas (Jan 2021 – Jan 2023).
Voluntário e diretor do GEPE da Change 1’s Life AO (2020-2021).