Pesquisadores da Universidade McGill no Canada, fizeram uma descoberta que pode indicar novos caminhos para tratamento da malária e de outras doenças causadas por parasitas. O estudo revelou que a gravidade dos sintomas da malária cerebral em ratos depende do horário em que eles são infectados. Segundo o mesmo estudo, os ratos que foram infectados à noite apresentaram sintomas menos graves do que aqueles infectados durante o dia, sugerindo que a propagação dos parasitas é mais controlada durante a noite. Esta descoberta pode ser fundamental para o desenvolvimento de novos tratamentos.
Ritmos circadianos
Os ritmos circadianos, que são ciclos fisiológicos e comportamentais de aproximadamente 24 horas, desempenham um papel fundamental na regulação de diversas funções corporais, incluindo a resposta imune. Esses ritmos são controlados por um relógio mestre no cérebro, além de relógios em outros órgãos e células. A equipe de pesquisadores liderada por Priscilla Carvalho Cabral e Nicolas Cermakian investigou como a interação entre os ritmos circadianos do hospedeiro e do parasita da malária influencia a gravidade da doença.
Segundo Cermakian, que é Diretor do Laboratório de Cronobiologia Molecular da McGill, “A diferença na resposta de um hospedeiro à infecção dependendo da hora do dia sugere que seus ritmos circadianos podem estar influenciando a progressão da doença”. Essa observação abre novas possibilidades para tratamentos baseados no alinhamento da administração de medicamentos com os ritmos circadianos dos pacientes.
Implicações para tratamentos futuro
Os estudos anteriores da mesma equipe já haviam mostrado que outra doença parasitária grave, a leishmaniose, também é influenciada pelos ritmos circadianos. O momento da infecção afeta a replicação do parasita e a resposta imune do hospedeiro. Nos estudos mais recentes, observou-se o mesmo para a malária cerebral, a forma mais mortal da doença que mata mais de meio milhão de pessoas a cada ano, principalmente crianças.
Martin Olivier, Diretor do Laboratório de Estudo da Interação Hospedeiro-Parasita da McGill, ressaltou que “os resultados representam um avanço importante no conhecimento, já que muitos dos mecanismos que determinam os ritmos de suscetibilidade a doenças, especialmente doenças parasitárias, permanecem em grande parte desconhecidos”.
As descobertas publicadas no periódico iScience apontam para a possibilidade de desenvolver novas estratégias terapêuticas que utilizem o conhecimento dos ritmos circadianos para melhorar a eficácia dos tratamentos contra a malária. Se aplicados corretamente, esses tratamentos poderiam não só aliviar os sintomas, mas também limitar a propagação do parasita, salvando inúmeras vidas.