Um recém-nascido masculino, pré-termo (ou prematuro) de 34 semanas e 2.000g, foi internado no terceiro dia de vida com hepatoesplenomegalia (fígado e baço aumentados) e lesões maculopapulares. A mãe, que não realizou pré-natal regular, tinha sífilis não tratada, confirmada por VDRL positivo na 32ª semana de gestação. Exames complementares no bebê indicaram sífilis congênita, com VDRL positivo, anemia leve, hepatoesplenomegalia, leucocitose e periostite em ossos longos. O tratamento com penicilina G cristalina intravenosa foi iniciado, mas, apesar das intervenções, o recém-nascido apresentou falência multiorgânica e faleceu após 3 dias de cuidados intensivos.
A sífilis congênita é uma infecção transmitida da mãe para o feto durante a gestação, causada pela bactéria Treponema pallidum. Globalmente, ela é uma das principais causas de morte neonatal, com maior prevalência em regiões com acesso limitado à saúde, como a África Subsaariana, onde estima-se que mais de 200 mil casos ocorram anualmente. Em Angola a situação é preocupante porque reflete a precariedade de qualidade e acesso aos serviços de saúde e a falta de pré-natal adequado, com a doença frequentemente associada à pobreza e baixa escolaridade.
O pré-natal adequado é essencial para prevenir a sífilis congênita, permitindo o diagnóstico e tratamento precoce da infecção materna, o que reduz significativamente o risco de transmissão ao feto. No caso em questão, a ausência de cuidados pré-natais resultou em complicações graves e fatais para o recém-nascido. Estudos indicam que o tratamento adequado durante a gestação pode reduzir a transmissão vertical para menos de 2%, demonstrando a importância de políticas públicas que garantam acesso universal e de qualidade ao pré-natal, especialmente em áreas de alta prevalência
Artigo de Óscar Paulo & New England Journal of Medicine.
O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.
Óscar Paulo JR, graduando de Medicina e monitor de Habilidades Clínicas na SLMANDIC – Faculdade São Leopoldo Mandic.
Presidente da Liga de Medicina Intensiva da SLM – Campinas (Dez. 2021 – Jan. 2023).
Tesoureiro da Liga de Cardiologia da SLM – Campinas (Jan 2021 – Jan 2023).
Voluntário e diretor do GEPE da Change 1’s Life AO (2020-2021).
