26 de Agosto, 2025

Lesões Bucais Podem Detectar HIV Precocemente

Um estudo, conduzido em dois hospitais de referência no Ibadan – Nigeria, com apoio da Northwestern University’s Global Health Catalyzer Fund, mostrou que 2 em cada 3 pessoas recém-diagnosticadas com HIV apresentam problemas bucais que podem servir como ferramentas de diagnóstico precoce, principalmente em regiões com recursos de saúde limitados.

Pesquisadores associados à Universidade de Ibadan – Nigeria analisaram 158 adultos recém-diagnosticados com HIV e perceberam que 66,5% dos participantes apresentavam algum tipo de lesão na boca ou face relacionada ao vírus. Os resultados foram publicados no International Journal of Clinical Medical Medicine neste ano, 2025.

Principais Lesões Identificadas

  • Candidíase oral (37,3%)
  • Hiperpigmentação melanótica oral (14,6%)
  • Combinação de candidate e hiperpigmentação (11,4%)
  • Outras condições (3,2%) – que incluem herpes zoster, úlceras aftosas, estomatite necrosante, erupções papulares pruriginosas faciais e sarcoma de Kaposi.

O estudo revelou uma descoberta crucial: pacientes com lesões bucais apresentavam níveis significantes menores de células CD4+ (células de defesa que têm sua ação afectada pelo HIV). Entre aqueles com lesões bucais, 56,4% tinham contagem de CD4+ abaixo de 200 células/mm3, que indica imunossupressão grave convergente ao diagnóstico de SIDA (ou AIDS).

A pesquisa também indicou que pessoas acima de 40 anos apresentaram maior risco de imunossupressão severa, com mais da metade deste grupo com a contagem de CD4+ baixa. Isto pode estar relacionado ao processo de envelhecimento do sistema imunológico, que se acelera em pessoas com HIV.

Os resultados são especialmente relevantes para países em desenvolvimento, onde o acesso a exames laboratoriais pode ser limitado. Nestes países, as lesões bucais poderão servir como: ferramenta de triagem, indicadores de gravidade e guia de tratamento.

À nível global, há cerca de 2 milhões de portadores de HIV na Nigéria e, estes, representam 2,1% da população adulta entre 15-49 anos de idade. Apesar dos avanços no tratamento, muitas pessoas ainda são diagnosticadas tardiamente, quando a doença já está em estágio avançado.

Dessa forma, vale frisar que o diagnóstico tardio continua a ser um problema significativo nos países em desenvolvimento (como Angola, África do Sul, Brasil, Moçambique, Nigéria) e as lesões bucais poderão servir de sinais de alerta para identificar os casos mais cedo, iniciar o tratamento e favorecer a sobrevida destes pacientes.

Como recomendações gerais aos inseridos à prática de assistência e cuidados médicos recomenda-se que:

  • Profissionais de saúde façam exames bucais de rotina, especialmente em áreas com alta prevalência de HIV.
  • Dentistas, Enfermeiros e Médicos sejam treinados para reconhecer lesões relacionadas ao HIV.
  • Sistemas de Saúde integrem a avaliação bucal nos protocolos de triagem para HIV.

Caro leitor, se você notar lesões persistentes na boca, como manchas brancas, escuras ou feridas que não cicatrizam, é importante procurar um profissional de saúde para a avaliação. Embora essas lesões possam ter várias causas, um diagnóstico precoce é sempre benéfico para qualquer condição de saúde.

Lembre-se: O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.

Artigo de Óscar Paulo & Institute for Global Health of Feinberg School of Medicine – Chicago, USA.

Óscar Paulo JR., graduando de Medicina e aspirante à pesquisador pela SLMANDIC de Araras – SP, Brazil

https://www.linkedin.com/in/oscarpaulojr.

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