28 de Janeiro, 2025
Novo fármaco contra malária promete combater parasita mais letal da doença
EstudoMalária

Uma equipa internacional de investigadores desenvolveu um novo medicamento eficaz contra o parasita mais agressivo da malária, o Plasmodium falciparum. O fármaco, denominado MED6-189, demonstrou ser eficaz tanto em estirpes sensíveis como resistentes do parasita.

Como Funciona o MED6-189

O medicamento, cuja pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade da Califórnia – Riverside (UCR), UC Irvine e Yale School of Medicine, atua danificando uma estrutura celular vital do parasita chamada apicoplasto. Esta organela, essencial para a sobrevivência do P. falciparum, é destruída pelo composto, que também interrompe as vias de tráfego vesicular dentro das células parasitas. Este efeito duplo bloqueia o desenvolvimento do parasita, tornando-o incapaz de desenvolver resistência ao medicamento.

Segundo Karine Le Roch, professora de biologia molecular e autora sênior do estudo publicado na revista Science, o MED6-189 conseguiu eliminar a infecção de malária em glóbulos vermelhos humanos e em ratos modificados para ter sangue humano. Além de atuar contra o P. falciparum, o composto também mostrou ser eficaz contra outras espécies de parasitas da malária, como o P. knowlesi e o P. cynomolgi.

Promissora Alternativa Terapêutica

O MED6-189 é uma mistura sintética baseada em compostos extraídos de esponjas marinhas, sintetizada no laboratório de Christopher Vanderwal, professor de química na UC Irvine. Vanderwal destaca que muitos dos medicamentos antimaláricos mais eficazes, como a artemisinina, derivam de produtos naturais. A nova droga segue a mesma linha, sendo considerada uma alternativa promissora no combate à malária, especialmente contra estirpes resistentes.

Resultados e Próximos Passos

Em testes realizados em ratos infectados com o P. falciparum, o MED6-189 foi capaz de eliminar o parasita com sucesso. Quando administrado em macacos infectados com o P. knowlesi, o medicamento também demonstrou limpar completamente os glóbulos vermelhos contaminados. Estes resultados marcam um avanço significativo no tratamento da malária, uma doença que afeta milhões de pessoas, especialmente em África, responsável por 95% das mortes globais.

A equipa de investigadores continuará a otimizar o composto e a explorar os seus mecanismos de ação para garantir a sua eficácia e segurança em humanos. Participaram na investigação, além das universidades americanas, cientistas do Stowers Institute for Medical Research, da Universidade da Geórgia e da 

Apesar dos esforços globais para controlar a doença, ela continua a ser uma das principais causas de morte em muitos países. No ano passado, Angola registou cerca de 9.000 mortes por consequência da malária. Este novo medicamento representa uma grande esperança para o futuro da luta contra a malária e poderá liderar os próximos passos no combate a esta doença global.

Lusa

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