4 de Julho, 2024
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Angola regista 57 novas infecções por VIH diariamente
Angola

O presidente da Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária (ANASO) considerou, quinta-feira, em Luanda, preocupante o facto de o país registar 57 novas infecções por VIH diariamente.

António Coelho explicou, durante o acto de lançamento do “Relatório sobre a prevenção do VIH”, que, com base nos dados estatísticos, as mulheres lideram os números, com 200 mil infecções, de um total de mais de 300 mil pessoas infectadas no país.

O relatório, acrescentou, revela, igualmente, que existem 34 mil jovens a viverem com o VIH, 73 porcento destes são meninas. “Em função dos números apresentados, a preocupação é cada vez mais agravante”.

Do número total de pessoas a viver com o VIH no país, apenas 58 por cento, conhece o estado serológico, e 49 por cento está a fazer as regulares terapias antirretrovirais. “Tudo se agrava mais, porque não temos dados sobre a percentagem de supressão viral destes cidadãos”.

A aceleração de acções de prevenção e de serviços de saúde sexual e reprodutiva, adiantou, deve ser das principais premissas do país, tendo em conta as “Dez acções do roteiro da Aliança Global de Prevenção”, entre as quais constam a garantia de que 90 por cento dos jovens têm habilidades, conhecimentos e capacidades para se proteger do VIH e acesso aos serviços de saúde sexual.

Para António Coelho, é importante continuar com acção de advocacia para melhorar os níveis de financiamento interno e apostar mais na inclusão de organizações da sociedade civil em todos os fóruns e grupos técnicos de trabalhos sobre o VIH.

O país, defendeu, deve ter um Plano Nacional de Prevenção do VIH, orçamentado e operacional, elaborado com a devida contribuição da sociedade civil.

ONUSIDA reconhece  avanços do Executivo

A conselheira de Informação Estratégica do escritório da ONUSIDA em Angola, Isabel Daniel, considera essencial haver estudos mais profundos sobre a prevenção do VIH no país. Para ela, os números apresentados são preocupantes, porém, reconheceu os avanços que o Executivo conseguiu obter, nos últimos dez anos, para diminuir o número de novas infecções.

Em 2022, disse, foram notificadas 15 mil novas infecções, mas a meta é reduzir para quatro mil por ano. “Apesar de estarmos longe disso, temos meio caminho andado, porque há dez anos, tínhamos uma estimativa de infecções a rondar as mais de 30 mil” contou.

As estimativas, referiu, levam em conta a base populacional. “É muito importante conseguir entender os conceitos antes de se fazer referências sobre os números”, realçou.

Isabel Daniel criticou, também, o número elevado de cidadãos sem domínio da sua seroprevalência. “Significa que a informação não está a surtir os verdadeiros efeitos, ao contrário de há 20 anos, em que era muito mais evidente, reforçada e acelerada”. 

Angola, salientou, é maioritariamente constituída por jovens, por isso a informação deve antes de tudo abranger as idades primárias, de forma a desmistificar certos conceitos errados, como as que levam as pessoas a sofrerem por estigma e descriminação.

O representante do secretário de Estado para Saúde Pública, José Carlos Van-Dunem, disse que actos do género são essenciais, por ajudarem a reforçar as acções preventivas. “A informação é o pilar fundamental para o combate de qualquer mal, que atinge as pessoas, de forma colectiva e individual”, destacou.

Fonte: JA

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