A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é o distúrbio endócrino mais comum na saúde reprodutiva da mulher. Apesar da alta diversidade de sinais e sintomas, a SOP se caracteriza, intimamente, com ciclos menstruais anovulatórios irregulares, infertilidade, manifestação de hiperandrogenismo (como hirsutismo e acne), obesidade e ovários com volume aumentado e presença de múltiplos cistos. É fulcral dizer que esta doença é de origem genética multifatorial, ou seja, a causa desta doença está intimamente relacionada a diferentes características atreladas a hereditariedade.
Segundo a OMS, cerca de 5-10% das mulheres em idade reprodutiva são potenciais portadoras da SOP e, dentro deste grupo de mulheres, aproximadamente 30-40% tornam-se inférteis. Em África, de acordo com a Science Direct, cerca de 16,7% das mulheres em idade fértil na região Subsaariana são portadoras da SOP, porém, esta porcentagem tende a ser maior porque não há estudos epidemiológicos suficientes, bases de dados certificadas e projectos de saúde pública à nível regional excepto em países como a Nigeria, África do Sul, Ghana e Ruanda.
À nível clínico, a SOP está associada a ciclos menstruais irregulares, hiperandrogenismo que leva ao crescimento de pelos em regiões incomuns e masculinização como a variação do timbre de voz para mais grave, Diabetes Mellitus tipo 2, distúrbios de colesterol que levam à dislipidemias, Hipertensão Arterial Sistêmica, distúrbios metabólicos e outros. Por ser uma síndrome, o diagnóstico da SOP tende a ser complexo e, por esta razão, além do exame clínico são realizados também exames laboratoriais para avaliar a concentração sanguínea de diferentes hormônios (como TSH, Prolactina, Testosterona Total e Livre, SDHEA, Gonadotrofinas, Progesterona e Insulina), exames de imagem como ultrassografia e exame histopatológico com a histeroscopia (HSC) associada a biópsia endometrial para confirmar o diagnóstico ou descartar a presença de câncer de endométrio.
À curto prazo a SOP pode causar obesidade, infertilidade, menstruação irregular e hirsutismo, já à longo prazo pode causar diabetes, distúrbios cardiovasculares, câncer do endométrio e/ou de ovário. Apesar de não ter cura, o tratamento da SOP é feito pelo controle da irregularidade menstrual com anticoncepcionais e suprimentos hormonais cíclicos.
Para todos os efeitos, nenhuma mulher está totalmente protegida contra a SOP e algumas celebridades (como a Victoria Beckham, Emma Thompson, Sasha Pieterse e Larissa Manoela) já foram diagnosticadas com esta doença. Procurar serviços médicos competentes é o primeiro passo para o cuidado, diagnóstico e tratamento mais eficiente e eficaz.
O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.
Artigo de Óscar Paulo JR.
Óscar Paulo JR, graduando de Medicina e monitor de Habilidades Clínicas na SLMANDIC – Faculdade São Leopoldo Mandic.
Presidente da Liga de Medicina Intensiva da SLM – Campinas (Dez. 2021 – Jan. 2023)
Tesoureiro da Liga de Cardiologia da SLM – Campinas (Jan 2021 – Jan 2023).
Voluntário e diretor do GEPE da Change 1’s Life AO (2020-2021).