O Brasil acaba de dar um passo histórico no enfrentamento das arboviroses ao inaugurar a maior biofábrica de mosquitos do mundo, com capacidade para produzir até 100 milhões de ovos de Aedes aegypti por semana. A iniciativa tem como objectivo o combate a doenças como dengue, Zika e Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
A estratégia não emprega produtos químicos nem altera geneticamente os mosquitos. Em vez disso, a biofábrica infecta os mosquitos com a bactéria Wolbachia, que é segura para os seres humanos, que impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo deles. Com isso, mesmo que o Aedes aegypti pique uma pessoa, a probabilidade de transmissão do vírus é drasticamente reduzida. Além disso, a Wolbachia é transmitida para as próximas gerações dos mosquitos, até que a maioria deles nasça com essa bactéria, contribuindo para o controle de epidemias.

A iniciativa conta com a aprovação da Anvisa, agência de vigilância sanitária local, e o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), e se junta a outras experiências já implementadas em 14 países. A primeira distribuição dos mosquitos com Wolbachia será feita em agosto, em seis cidades brasileiras, escolhidas com base em critérios como a incidência de casos das arboviroses, definidos pelo Ministério da Saúde.
A inauguração da biofábrica ocorre num momento crítico. Neste ano, até a segunda quinzena de julho, o Brasil já registrou mais de 1,5 milhão de casos de dengue e 1.481 mortes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Embora a técnica com Wolbachia tenha resultados promissores, os cientistas dizem que não é uma solução definitiva. O controle das arboviroses ainda depende da colaboração das pessoas, com a eliminação de criadouros e a manutenção de medidas de prevenção.