24 de Janeiro, 2025
Cólera: Causas, Sintomas e Prevenção
ArtigosÓscar Paulo, JR.

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela bactéria Vibrio cholerae que libera toxinas (de dois sorogrupos O1 e O139) e causa diarreia aquosa intensa, desidratação, vómitos e sede intensa. A transmissão ocorre principalmente por água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em áreas sem saneamento básico adequado. A prevenção se alicerça na higiene, água potável e acesso a saneamento básico adequado.

Esta doença continua a ser uma preocupação global de saúde pública, especialmente em regiões com saneamento inadequado. Mundialmente, esta doença é endêmica em muitas áreas de África, Ásia e América Latina, com surtos recorrentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa milhares de casos anualmente mas, em África, há cerca de 200.000 casos diagnosticados por ano e que, geralmente, causam 5.000 mortes.

Em África, a cólera é frequentemente associada a crises humanitárias e insegurança alimentar, com surtos significativos em países como a Somália, Sudão do Sul e República Democrática do Congo. Em Angola, a cólera representa um desafio contínuo, com surtos registrados periodicamente, principalmente em áreas urbanas e periurbanas. A falta de acesso a água potável e saneamento básico contribui para a propagação da doença e medidas de controle como campanhas de vacinação e melhorias no saneamento, são essenciais para prevenir surtos futuros.

O diagnóstico da cólera é feito através da análise de fezes para isolamento de Vibrio cholerae. O tratamento inclui reidratação oral ou intravenosa e, em casos graves, o uso de analgésicos e antibióticos (como azitromicina). A recuperação é rápida com reidratação adequada, e a prevenção é essencial para evitar surtos.

As consequências da cólera podem ser graves, especialmente se não tratadas. A desidratração intensa pode levar a complicações como insuficiência/falência renal, choque hipovolêmico e até morte em questão de horas. Outros desfechos complexos incluem desequilíbrios eletrólitos, que podem afetar a função cardíaca e neurológica. Além disso, a cólera pode agravar condições pré-existentes, como doenças crônicas e desnutrição, impactando a recuperação geral do paciente. Em áreas afetadas, surtos de cólera também podem ocasionar impactos sociais e econômicos, como a redução da força de trabalho e sobrecarga nos sistemas de saúde.

CASO CLÍNICO

M.P.S., mulher de 28 anos, apresentou diarreia aquosa, vômitos e dor abdominal leve 24 horas após consumir alimento cru. Ao exame, apresentava sinais de desidratação moderada, choque hipovolêmico e redução do nível de consciência. Recentemente, havia visitado uma área endêmica de cólera sem precauções quanto à água e alimentos. O diagnóstico foi confirmado pela presença de Vibrio cholerae nas fezes. O tratamento incluiu reidratação oral e antibióticos, como azitromicina. Em 48 horas, M.P.S melhorou significativamente, evidenciando a importância da higiene alimentar e do acesso a água tratada na prevenção da cólera.

ATENÇÃO

Vale ressaltar que, em Fevereiro de 2024 foi produzido o artigo que previa a potencialidade do surto de cólera no Congo que serviria de factor de atenção para saúde pública de Angola e hoje, Janeiro de 2025, há indicação de surto de cólera em Angola, com casos já diagnosticados em Luanda.

Na íntegra: https://focosaude.ao/epidemia-de-colera-no-congo-e-sua-influencia-em-angola/

O melhor método de cuidado, para todos nós e os que amamos, ainda é a prevenção.

Artigo de Óscar Paulo.

Óscar Paulo JR, graduando de Medicina e monitor de Habilidades Clínicas na SLMANDIC – Faculdade São Leopoldo Mandic.
Presidente da Liga de Medicina Intensiva da SLM – Campinas (Dez. 2021 – Jan. 2023)
Tesoureiro da Liga de Cardiologia da SLM – Campinas (Jan 2021 – Jan 2023).
Voluntário e diretor do GEPE da Change 1’s Life AO (2020-2021).

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