24 de Junho, 2025

Depressão na meia-idade está ligada a maior risco de doenças crônicas, aponta estudo

Um estudo da Universidade de Edimburgo, publicado na revista Plos One, revelou que adultos de meia-idade com histórico de depressão têm maior probabilidade de desenvolver múltiplas doenças crônicas. A pesquisa analisou a relação entre depressão e multimorbidades, a coexistência de duas ou mais condições de saúde, destacando o impacto da doença mental no surgimento e agravamento de problemas físicos.

Depressão e risco aumentado de doenças

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 172 mil participantes de um grande banco de dados de saúde do Reino Unido, acompanhados por cerca de sete anos. No início do estudo, aproximadamente 18% dos voluntários já tinham diagnóstico de depressão.

Os resultados mostraram que, em comparação com quem não tinha depressão, esses indivíduos já apresentavam, em média, três doenças crônicas (como problemas cardiovasculares, diabetes, artrite ou doenças pulmonares), contra duas nos demais participantes. Ao final do acompanhamento, o risco de desenvolver novas condições foi duas vezes maior entre os deprimidos, mesmo após ajustes para factores como sedentarismo e tabagismo.

Por que a depressão piora a saúde física?

A depressão afecta múltiplos sistemas do organismo, e seus sintomas como alterações no sono, apetite, falta de energia e estresse crônico, contribuem para o surgimento ou agravamento de outras doenças. Entre os mecanismos envolvidos, os especialistas destacam:

• Desequilíbrio hormonal: A depressão interfere no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela regulação do cortisol (hormônio do estresse). Níveis elevados dessa substância estão ligados a maior risco de obesidade, hipertensão e doenças cardíacas.
Distúrbios do sono
• Mudanças no apetite
• Dificuldade em seguir tratamentos

Além disso, há maior propensão ao uso de álcool, tabaco e outras substâncias, que também elevam os riscos à saúde.

A importância do tratamento integrado

Os autores reforçam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para pacientes com depressão, incluindo:

• Acompanhamento psiquiátrico e uso de medicamentos, quando necessário;
• Psicoterapia para manejo dos sintomas emocionais;
• Mudanças no estilo de vida, como atividade física, alimentação balanceada e controle do estresse.

É essencial educar o paciente sobre o efeito bidirecional entre depressão e doenças físicas. Muitos acham que basta tomar remédios, mas cuidar da saúde mental, emocional e física é fundamental para a melhora global”, explica um dos especialistas envolvidos no estudo.

A pesquisa reforça que a depressão não é apenas um distúrbio isolado, mas um factor de risco significativo para o desenvolvimento de múltiplas condições crônicas. O diagnóstico precoce e o tratamento contínuo são essenciais para reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida.

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