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Estudo: Tabaco ainda deixa cicatrizes imunitárias ao fim de uma década sem fumar
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Um estudo do Instituto Pasteur informa sobre os danos pouco conhecidos do tabaco no nosso sistema imunológico, revelando o impacto profundo e duradouro dos cigarros na nossa capacidade de se defender contra doenças

Pela primeira vez, um estudo revelador destaca os efeitos nocivos e duradouros do tabagismo no nosso sistema imunológico.

Esta pesquisa, realizada pelo Instituto Pasteur, aponta as profundas alterações que o tabagismo provoca na capacidade do organismo de se defender de ataques microbianos. Embora os fumantes pareçam carregar o estigma do seu hábito tóxico, os pesquisadores revelam os mecanismos subjacentes a esta transformação imunitária.

Nesta pesquisa inédita, Darragh Duffy, chefe da unidade de Imunologia Translacional do Instituto Pasteur, revela o lado oculto de uma alteração imunitária insidiosa, que afeta tanto a resposta inflamatória quanto os mecanismos adaptativos do sistema de defesa. Através de uma análise do sistema imunitário de mais de mil pessoas, este estudo, publicado na prestigiada revista Nature, lança luz sobre um novo capítulo na compreensão dos danos causados pelo tabaco à saúde.

Tabagismo, IMC e citomegalovírus
O estudo focou na comunicação intercelular por meio de citocinas, proteínas secretadas pelas células do sistema imunológico, para avaliar a qualidade da resposta imune.

Amostras de sangue dos participantes foram expostas a vários microrganismos, revelando reações imunológicas diversas e complexas.

As alterações nos mecanismos de imunidade adaptativa persistem durante décadas.

Entre os principais fatores que distinguem as pessoas com uma resposta imunitária deficiente, o tabagismo, o índice de massa corporal (IMC) e a infecção latente por citomegalovírus surgem como influências importantes, juntamente com a idade, o sexo e os fatores genéticos.

Maior resposta inflamatória

Os pesquisadores destacaram duas anomalias importantes nos fumantes: uma resposta inflamatória exacerbada em caso de infecção e uma alteração na atividade das células envolvidas na memória imunitária.

Esta descoberta destaca o impacto prejudicial do tabaco nos mecanismos de defesa inatos e adaptativos do sistema imunitário, aumentando assim o risco de complicações infecciosas e inflamação crônica nos fumantes.

Persistência dos efeitos mesmo após parar de fumar

Embora a resposta inflamatória pareça normalizar rapidamente após parar de fumar, as alterações nos mecanismos imunológicos adaptativos persistem durante décadas.

Essa descoberta destaca o sistema de memória imunológica, que preserva as consequências do tabagismo mesmo após abandonar esse hábito nocivo.

Quais efeitos na memória imunológica?

As semelhanças entre os perfis imunológicos de fumantes atuais e ex-fumantes levantaram questões sobre os mecanismos subjacentes a essa memória imunológica persistente.

Os pesquisadores identificaram modificações epigenéticas no DNA que alteram a expressão de genes envolvidos no metabolismo das células imunológicas.

Esta descoberta abre novas perspectivas para compreender melhor as consequências do tabagismo na imunidade, tanto em indivíduos saudáveis como naqueles que sofrem de diversas patologias.

Ao revelar as profundas alterações induzidas pelo tabagismo no sistema imunitário, este estudo destaca a importância crucial da prevenção e da cessação de fumar para a preservação da saúde.

Para além dos conhecidos riscos cardiovasculares e pulmonares, fumar também deixa uma marca permanente na capacidade do organismo de se defender contra doenças infecciosas e inflamatórias.

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