2 de Abril, 2025
Mais de 10 mil mulheres em Angola padecem de fístula obstétrica e enfrentam discriminação
AngolaBlogNotícia

Mais de 10 mil mulheres vivem actualmente com fístula obstétrica em Angola, e devido ao receio de discriminação, evitam procurar atendimento médico. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo Secretário de Estado para a Saúde Hospitalar, Leonardo Inocêncio, durante a 1ª Conferência Nacional sobre “O Papel da Igreja na Prevenção de Fístula Obstétrica”.

A fístula obstétrica é um problema grave decorrente de partos prolongados ou complicados, que muitas vezes resulta em incontinência urinária ou fecal e em exclusão social. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de dois milhões de mulheres na África e na Ásia sofram desta condição, que afeta sua saúde física e emocional.

O Que é a Fístula Obstétrica e Seu Impacto Social

A fístula obstétrica ocorre quando um trabalho de parto prolongado e obstruído, sem intervenção médica adequada, causa uma ruptura entre a bexiga e a vagina. Como resultado, as mulheres perdem o controle sobre a urina e, em alguns casos, sobre as fezes, vivendo em condições de extrema vulnerabilidade. Essa doença pode ser prevenida por meio do acesso adequado à assistência pré-natal e ao parto seguro.

Além das complicações físicas, as mulheres que sofrem de fístula obstétrica podem enfrentar discriminação severa em suas comunidades. Muitas são rejeitadas por seus parceiros, abandonadas por suas famílias e excluídas da sociedade devido ao odor constante e à falta de conhecimento sobre a doença. Esse estigma social contribui para que muitas delas evitem procurar ajuda médica, prolongando seu sofrimento.

O impacto emocional também é profundo. Muitas mulheres desenvolvem depressão, ansiedade e perdem a esperança de reintegração social. A ausência de suporte psicológico e de programas de reinserção social agrava ainda mais essa situação

Com mais de 10 mil casos registrados, Angola enfrenta um desafio significativo no combate à fístula obstétrica. O número real pode ser ainda maior, pois muitas mulheres vivem em regiões rurais e não têm acesso a serviços de saúde.

Medidas para Combater a Fístula Obstétrica

Com o objetivo de combater este problema de saúde pública, Leonardo Inocêncio fez saber que o governo pretende garantir que todas as mulheres gestantes recebam assistência médica 24 horas por dia, em todo o território nacional. A estratégia inclui a criação de uma ampla rede de assistência médica e medicamentosa, que beneficiará comunidades em províncias, municípios e regiões mais remotas. Além disso, estão em curso a construção de “casas de esperança” para acolher mulheres com gestação de alto risco.

Outra ação destacada pelo Secretário de Estado é a realização de campanhas cirúrgicas destinadas a reduzir a lista de espera de pacientes que necessitam de intervenções obstétricas. 

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