Pesquisadores apresentaram resultados promissores um estudo sobre a tuberculose multirresistente (TB-MDR) durante a Conferência Mundial sobre Saúde Pulmonar, realizada em Bali, Indonésia. Os dados são do ensaio clínico denominado endTB-Q, que busca desenvolver um regime de tratamento mais curto, menos tóxico e adaptado às necessidades individuais dos pacientes.
A tuberculose multirresistente, que ocorre quando a infecção não responde a medicamentos comuns, torna-se ainda mais perigosa quando os pacientes se tornam resistentes a fluoroquinolonas, uma classe importante de antibióticos. Esses casos de resistência se aproximam da tuberculose extensivamente resistente a medicamentos (XDR), a qual é extremamente desafiadora de tratar e pode exigir até 18 meses de terapia.
O estudo incluiu 323 pacientes de diversos países, incluindo Índia, Cazaquistão, Lesoto, Paquistão, Peru e Vietnã, com o objetivo de encontrar alternativas ao atual regime de tratamento prolongado recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Lorenzo Guglielmetti, diretor do projeto endTB da Médicos Sem Fronteiras (MSF) e co-pesquisador principal do ensaio, destacou a inovação da pesquisa. “destacando o teste uma estratégia que adapta a duração do tratamento à gravidade da doença e à resposta do paciente, utilizando critérios simples.
O ensaio testou uma combinação de quatro medicamentos contra a tuberculose: bedaquilina, clofazimina, delamanida e linezolida (BCDL). Os resultados preliminares mostraram que cerca de 87% dos pacientes tratados durante um período de seis meses foram curados. Este percentual é comparável aos 89% de cura observados em um grupo controle que recebeu o regime padrão da OMS.
Entretanto, os pesquisadores notaram que os 87% de pacientes que responderam bem ao tratamento apresentavam formas menos severas da doença. Para aqueles com tuberculose mais grave, o regime BCDL de nove meses se mostrou insuficiente, aumentando o risco de recidiva da doença.
O director projecto indica que a abordagem BCDL, administrada por seis a nove meses, é altamente eficaz para pacientes com tuberculose leve. Nesse grupo, a taxa de sucesso chega a quase 95%, representando uma grande vantagem em relação ao tratamento convencional, sendo que é significativamente mais curto e menos tóxico.
A pesquisa enfatiza a importância de um tratamento mais curto e menos tóxico para a tuberculose multirresistente, com taxas de cura comparáveis aos métodos tradicionais, destacando a necessidade de personalização com base na gravidade da infecção. Isso abre uma porta para um tratamento mais eficiente e com menos efeitos colaterais para a tuberculose.