Angola registou 179 mortes por cólera em março de 2025, o maior número entre 25 países afetados, segundo o relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). No total de casos do primeiro trimestre, o país soma 9.785 casos e 383 óbitos, sendo o terceiro com mais infecções e o segundo em mortes na África.
A região africana concentrou 66.689 casos e 1.336 mortes entre janeiro e março, com Sudão do Sul (29.050 casos/502 mortes) e República Democrática do Congo (RD Congo: 15.785/297) à frente. Em março, Angola notificou 4.036 novos casos, ficando atrás apenas do Sudão do Sul (7.709) e da RD Congo (5.679).
Entre 1 de janeiro e 31 de março, o país registrou 383 óbitos, dos quais 116 ocorreram fora de hospitais (na comunidade). A taxa de letalidade chegou a 3,9%, a mais alta do mundo nesse período. A doença já está em 17 das 21 províncias.Apenas no mês de março, 4.036 novos casos e 179 mortes foram registrados, elevando a taxa de letalidade para 4,4%. Comparado a fevereiro, houve um aumento de 10% nos casos e de 23% nas mortes. Actualmente, Angola acumula um total de 19.382 casos de cólera e 551 óbitos desde o início do surto.
Novos surtos foram reportados no Quénia e Namíbia, mas a OMS alerta para subnotificação devido a conflitos, desastres climáticos e falhas na infraestrutura sanitária.
No mesmo período, 116.574 casos e 1.514 mortes foram registados em 25 países. O Mediterrâneo Oriental foi a segunda região mais afetada, com 48.619 casos, Afeganistão (21.533) e Iémen (11.507) lideram.
A OMS destacou a escassez de vacinas orais (5,2 milhões de doses em março), insuficientes para a demanda global. Campanhas de dose única foram priorizadas, mas a produção precisa ser ampliada “urgentemente”. Treze países, incluindo Angola, vacinaram 13 milhões de pessoas em 2025.
Conflitos, migrações em massa, desastres naturais e sistemas de saúde frágeis agravam os surtos. A OMS cita ainda falta de acesso a água potável, saneamento básico e vigilância epidemiológica inadequada como obstáculos ao controle da doença.
Fonte: Lusa