O Sanatório do Lubango, localizado na província da Huíla, registou em 2024 a morte de 341 pessoas devido à tuberculose, uma redução em relação aos 430 óbitos do ano anterior. Apesar da diminuição, as autoridades de saúde continuam preocupadas com a situação, especialmente devido ao papel das terapias tradicionais na procura tardia por tratamento hospitalar.
Conforme os dados fornecidos a Angop pelo director da unidade sanitária, Lourenço Kotele, mais de 80% das mortes ocorreram apenas 48 horas após a chegada dos pacientes ao hospital. “Isto indica que os doentes chegam em estado terminal, muitas vezes sem chances de serem salvos”, destacou o médico.
Em 2024, o hospital diagnosticou 3.789 novos casos de tuberculose, um aumento de 919 em relação a 2023. Desse total, 2.600 pacientes apresentaram baciloscopia positiva, dos quais 1.362 eram homens entre os 25 e 44 anos. Esta categoria de casos, que corresponde a 60%, é particularmente preocupante, dado o alto risco de transmissão. Cada pessoa infectada pode contaminar até dez outras, alertou o director do hospital.
Apesar de a taxa de mortalidade ter caído para 9% em 2024, contra 15% no ano anterior, o abandono do tratamento pelos pacientes continua a ser um grande desafio. Um total de 565 doentes interromperam o tratamento em 2024, contra 379 em 2023.
Os casos mais graves foram provenientes de bairros como Tchioco e Nambambi, além de unidades como o Hospital Central do Lubango, o Hospital Municipal e o Centro Médico da Comarca do Lubango. A maioria desses pacientes, antes de procurar tratamento no Sanatório, recorreu às terapias tradicionais, uma prática cultural comum na região.
A preferência por terapias tradicionais muitas vezes leva à perda de tempo precioso no tratamento da tuberculose. Com o aumento do número de casos e os desafios ligados à adesão ao tratamento, a cooperação entre as comunidades e o sistema de saúde será crucial para reduzir o impacto da tuberculose na região.
Fonte: Angop