21 de Maio, 2025

Polêmica dos bebês reborn: Eles trazem risco à saúde mental? Especialista explica

A régua para um comportamento ser considerado danoso à saúde mental é a medida em que ele prejudica a saúde física ou mental da pessoa ou de terceiros, quando isso não ocorre, não podemos falar de prejuízo, conta a neuropsicóloga Dra. Karliny Uchô

Elas choram, têm nome, ganham roupas novas, cuidados, passeiam de carrinho e até recebem certidão de nascimento, (alguns têm até parto).

As bonecas conhecidas como “bebês reborn” são versões hiper-realistas que imitam recém-nascidos, ultrapassaram o universo infantil e conquistaram adultos, influenciadores digitais e até celebridades brasileiras como Xuxa Meneghel, Jojo Todynho e Sabrina Sato.

O padre Fábio de Melo também aderiu à tendência e em uma viagem aos Estados Unidos, o padre visitou uma maternidade de bonecas e “adotou” um bebê reborn com Síndrome de Down, em homenagem à mãe, Ana Maria de Melo, falecida em 2021. 

A tendência se popularizou com vídeos virais de partos simulados e rotinas maternas encenadas. Um dos exemplos mais conhecidos é o vídeo de Carolina Rossi, postado originalmente em 2022, que voltou à tona após um encontro de “mães” de bebês reborn realizado em São Paulo.

É um comportamento saudável?

O envolvimento emocional com os bebês reborn levanta discussões sobre os limites entre o afeto simbólico e o comprometimento psicológico dentro e fora das redes sociais. 

De acordo com a neuropsicóloga Dra. Karliny Uchôa, não se pode generalizar os riscos, é preciso entender cada caso de forma particular. 

“A régua para um comportamento ser considerado danoso à saúde mental é a medida em que ele prejudica a saúde física ou mental da pessoa ou de terceiros. Quando isso não ocorre, não podemos falar de prejuízo”, explica.

Apesar disso, a especialista alerta para casos em que a relação com o boneco ultrapassa o lúdico e passa a interferir na percepção da realidade. 

É nesse ponto que pode surgir o que a psicologia denomina de Síndrome de Annabelle, um quadro caracterizado por obsessão excessiva por bonecos hiper-realistas, com apego emocional intenso, reprodução de vínculos parentais e comprometimento das relações sociais reais.

“A pessoa começa a substituir vínculos afetivos reais por vínculos simbólicos com o boneco, o que pode gerar isolamento, negação de perdas, ou fuga de situações emocionais mal elaboradas”.

“Em casos extremos, deve-se buscar tratamento, acompanhamento psicológico e abordagens terapêuticas voltadas para ressignificação afetiva”, afirma a Dra. Karliny Uchôa. 

Sobre Dra. Karliny Uchôa

É psicóloga e neuropsicóloga, atualmente mestranda em Psicologia pela Universidade do Porto, em Portugal. Atua como membro e assistente de pesquisa no grupo Gifted, em parceria com o grupo IQ Nexus, que reúne centenas de superdotados. Esse projeto colabora com prestigiadas sociedades de alto QI, como Intertel, IIS, ePiq e ISI-Society, focando no estudo e apoio de indivíduos com altas habilidades intelectuais.

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