Nos últimos quatro anos, Angola registou mais de 327 mil casos de transtornos mentais. A informação foi divulgada por Massoxi Vigário, coordenadora do Programa Nacional de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, durante uma entrevista. Segundo a mesma, esses dados refletem uma preocupação crescente, pois representam apenas as pessoas que buscaram atendimento nas unidades de saúde pública do país.
Massoxi Vigário destacou que os transtornos de humor, como depressão e bipolaridade, juntamente com os transtornos relacionados ao abuso de substâncias (como álcool, liamba e outras drogas), são os mais comuns. Além disso, ela trouxe à tona outra questão igualmente preocupante: os transtornos de desenvolvimento em crianças e adolescentes, como hiperatividade, autismo, síndrome de Down, epilepsia, esquizofrenia e sequelas neurocognitivas provocadas pela malária.
Saúde Mental no Ambiente de Trabalho
Com o tema “Saúde Mental no Trabalho” em foco, a responsável também revelou que a faixa etária mais afetada pelos problemas de saúde mental ligados ao ambiente laboral vai da adolescência até os 55 anos. O aumento dos casos de transtornos mentais ligados ao ambiente de trabalho tem gerado preocupação, especialmente com a crescente presença de ambientes tóxicos que contribuem para o desenvolvimento de doenças psicológicas e emocionais, como a síndrome de burnout e o estresse.
Diante desse cenário, Massoxi Vigário reforçou a importância de se investir em ambientes de trabalho mais saudáveis e positivos. Segundo ela, é necessário integrar a saúde mental à saúde ocupacional, pois grande parte do tempo de vida das pessoas é passada no trabalho, e um ambiente insalubre pode prejudicar severamente o bem-estar dos trabalhadores.
Para enfrentar esses desafios, a psicóloga fez saber que o governo, através do Programa Nacional de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, tem implementado a iniciativa “Rede de Conversa Andante” desde 2015. Essa iniciativa se expande também para as empresas, promovendo palestras e conversas descontraídas que visam combater a psicofobia — o medo de buscar ajuda especializada em saúde mental. Essas sessões também oferecem consultas e apoio direto aos funcionários que precisam de ajuda.