As médicas dentistas Lurdes Valente e Yola Gonga afirmaram, em Luanda, que após o cumprimento dos 90 dias de trabalho com as declarações provisórias, vão remeter o assunto junto do Ministério da Saúde, caso a Ordem dos Médicos de Angola não cumpra com a promessa de outorga das carteiras profissionais.

As dentistas decidiram adoptar essa postura na sequência de uma promessa feita em Dezembro último pela Ordem dos Médicos e que não foi cumprida, em que num universo de cerca de 100 médicos dentistas inscritos para a obtenção da Carteira profissional, apenas oito receberam uma declaração provisória, com prazo de 90 dias, para o exercício da profissão.De acordo com as médicas, há mais de cinco anos que aguardam pela obtenção da Carteira Profissional emitida pela Ordem dos Médicos de Angola, para que possam exercer a profissão sem constrangimentos.

Em declarações ao Jornal de Angola, as dentistas Yola Gonga e a Lurdes Valente, que aguardam pela carteira desde 2017, revelaram que a promessa da Ordem dos Médicos de Angola em proceder à entrega das carteiras profissionais, em Dezembro, não se cumpriu, criando, uma vez mais, um clima de desespero por parte dos profissionais.

Segundo as médicas, em finais de 2024, os médicos dentistas já inscritos na Ordem foram convocados para receber a Carteira Profissional, um documento-chave para o exercício da profissão, com base no Artigo oitavo, do capítulo III, sobre a inscrição, deveres e direitos dos estatutos da Ordem dos Médicos de Angola, segundo o qual “o exercício da medicina depende da inscrição na Ordem dos Médicos.“Recebemos somente as declarações com os números de ordem, sendo contemplados apenas 8 médicos dentistas com as declarações da Ordem dos Médicos de Angola. As carteiras só vamos receber daqui há 3 meses ou mais, segundo os responsáveis da Ordem dos Médicos”, disseram os profissionais, que se mostraram inconformados com a atitude tomada pela direcção da instituição, que tem como missão defender a ética médica, promover os interesses da profissão e colaborar no desenvolvimento do sistema de saúde nacional.

A bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, contactada durante três vezes para se manifestar a propósito do descontentamento dos médicos dentistas, não reagiu sobre o assunto.De acordo com os estatutos, entre as atribuições da Ordem dos Médicos de Angola, destacam-se regular o acesso à profissão, defender a saúde dos cidadãos, representar os interesses da profissão, conceder títulos profissionais, atribuir prémios ou títulos honoríficos, exercer o poder disciplinar sobre os médicos, prestar serviços aos médicos, bem como colaborar com o sector da Administração Pública.

Por sua vez, a médica dentista Ana Patrícia, que já possui a carteira, afirmou que, realmente, tem sido “um processo cansativo e demorado” adquirir o documento.

 “Penso que os meus colegas não receberam o documento porque não são entregues de imediato, mas as declarações conferem legitimidade para actuação na área”, acrescentou.

Fonte: JA