O país registou, durante o ano passado, 9.212 casos de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), entre os quais 1.917 de lepra, 73 de drancuculose, 129 de mordeduras de serpentes e 7.166 de sarna.
A informação foi prestada, ontem, em Luanda, pela coordenadora nacional do Programa de Combate às Doenças Tropicas Negligenciadas, Cecília de Almeida.
Aquela responsável que falava durante o acto central do Dia Mundial de Combate às Doenças Tropicais Negligenciadas, que decorreu no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Dom Alexandre do Nascimento, explicou que Luanda, Cuanza-Sul, Huíla, Moxico, Bié, Huambo, Malanje, Cunene, Lunda-Norte, Lunda-Sul e Cuanza-Norte são as províncias mais endémicas.
Segundo Cecília de Almeida, o país está com prevalências muito altas em relação às Doenças Tropicais Negligenciadas já mencionadas, porque o combate delas não depende apenas na Direção Nacional de Saúde Pública.
“Deve ser uma luta multissectorial, tendo em conta que estas patologias são provocadas, maioritariamente, pela falta de saneamento básico condigno e higiene nos locais onde muitas famílias vivem”, disse Cecília de Almeida.
Além das patologias já mencionadas, deu a conhecer que fazem parte das Doenças Tropicais Negligenciadas a schistosomíases, helmintíases, filaríase linfática, oncocercose, tracoma tripanossomíase humana africana, úlcera de burili, raiva, leishmaniose, escabiose, dengue e chinkunkunya.
De acordo com a coordenadora do Programa de Combate às Doenças Tropicas Negligenciadas, há medicação para tal, que é dada aos pacientes. “O grande problema está na falta de isenção das taxas aduaneiras, quando os dadores internacionais enviam”.
Muitas vezes, prosseguiu Cecília de Almeida, a demora é tanta na alfândega que a medicação chega à Direcção de Saúde Pública faltando poucos meses para o prazo de validade vencer, o que dificulta, em grande medida, o combate a estas patologias.
No caso da schistosomíases bilachiorse, muito frequente no país, o combate é feito por meio da desparasitação com parasinquantel e albendazol, que têm sido administrados em campanhas em várias escolas do país, sendo o público alvo crianças dos cinco aos 14 anos.
Plano estratégico
O secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Pinto de Sousa, disse, durante o acto, que, anualmente, a nível mundial, são registados entre 400 e 500 mil novos casos de DTN, incluindo a lepra.
Por isso, prosseguiu o governante, o Ministério da Saúde reforça acções para o controlo e eliminação das DTN, com a ajuda de vários parceiros internacionais.
De acordo com Pinto de Sousa, foi aprovado o Plano Estratégico das DTN 2021-2025, que visa informar a população, cuidar dos pacientes e erradicar estas patologias, problemas sérios de saúde pública.
Carlos Pinto de Sousa sublinhou que foi, também, assinado um memorando de entendimento entre o Ministério da Saúde e o grupo Mectiza, para a doação de Ivermectina ao país, durante um período de cinco anos, renováveis.
“No ano passado, recebemos a visita do vice-presidente da END FUND, uma organização internacional que intervém fortemente no combate às DNT. Esta visita permitiu a expansão das intervenções de combate às DNT nas províncias da Huíla e Cuanza-Norte”, realçou.
A visita, acrescentou, permitiu, igualmente, que fosse realizado o tratamento das chimpacas, fontes de água potável, com larvicidas, no Cunene, visando o combate aos parasitas do verme da Guiné, com o apoio da ONG Carter Center.
O secretário de Estado assegurou que o ministério vai continuar a trabalhar no reforço das estratégias para manter a capacidade de intervenção das equipas de saúde pública e de serviço clínico, em todos os níveis do sistema nacional sanitário.
Fonte: JA