Nesta sexta-feira (03/01), a principal autoridade em saúde pública dos Estados Unidos lançou um alerta que pode transformar a maneira como os consumidores enxergam bebidas alcoólicas. A mesma recomendou que os rótulos desses produtos passem a incluir advertências de risco à saúde similares às estampadas nos maços de cigarros. Em paralelo a essa situação nos EUA, começou ontem em Angola a ser debatido a proposta de Lei Sobre o Regime Especial de Disponibilização e Consumo de Bebidas Alcoólicas.
O comunicado enfatiza novas pesquisas que associam o consumo de álcool a sete tipos de câncer, incluindo câncer de mama, garganta, fígado, esôfago, boca, laringe e cólon. Segundo o relatório, o álcool é a terceira causa mais comum de câncer evitável, ficando atrás apenas do tabaco e da obesidade. Estima-se que o consumo de bebidas alcoólicas seja responsável por cerca de 100 mil casos de câncer e 20 mil mortes anuais nos EUA.
Vivek Murthy (o cirurgião-geral é um médico que actua como porta-voz do governo americano para assuntos de saúde) também propôs a reavaliação dos limites diários recomendados para o consumo de álcool e o fortalecimento das ações educativas. Actualmente, as diretrizes americanas recomendam no máximo duas doses por dia para homens e uma para mulheres. No entanto, novas evidências apontam que não existe um nível seguro de consumo de álcool.
Mudanças no horizonte global
Diversos países estão adotando medidas mais rigorosas para conscientizar sobre os riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas. Em 2026, a Irlanda será o primeiro país do mundo a exigir que todas as garrafas de álcool tragam alertas relacionando qualquer nível de consumo ao câncer. A Coreia do Sul também já exige advertências específicas sobre câncer em seus rótulos.
Angola em debate
Em Angola ainda não se fala em rótulo de advertência para danos na saúde em bebidas alcoólicas, mas a proposta de Lei Sobre o Regime Especial de Disponibilização e Consumo de Bebidas Alcoólicas, actualmente em discussão na especialidade no Parlamento, poderá trazer mudanças significativas.
Caso aprovada, a lei vai proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e a indivíduos que se apresentem notoriamente embriagados ou aparentam possuir anomalia psíquica, a proibição de consumo de bebidas alcoólicas no perímetro das instituições hospitalares, militares, policiais, de ensino, bem como nos estabelecimentos comerciais, de restauração e similares localizados a até 300 metros, a atividade será permitida de segunda a sexta-feira, entre as 8:00 e as 18:00. Essa iniciativa tem como objectivo combater os efeitos prejudiciais do consumo excessivo de álcool, alinhando-se às tendências globais de regulação e conscientização.
Situação nos EUA e impacto econômico
Atualmente nos EUA é para riscos relacionados à gravidez, direção de veículos e operação de máquinas, mas não mencionam o risco de câncer. Para implementar as mudanças sugeridas por Dr. Murthy, o Congresso americano precisa aprovar novas leis.
O comunicado das autoridades de saúde destaca a necessidade de conscientização entre os profissionais de saúde para identificar e tratar casos de consumo excessivo de álcool. Além disso, o cirurgião-geral espera que as novas pesquisas motivem governos e organizações a adotarem medidas mais efetivas para proteger a saúde pública.
As discussões seguem abertas, mas o recado é claro: a relação entre o álcool e riscos à saúde é uma questão que não pode mais ser ignorada.