19 de Fevereiro, 2025
Paracetamol: Novo estudo potencializa risco em idosos
EstudoInternacional

Um estudo recente conduzido por especialistas da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, revelou que o uso prolongado de paracetamol pode aumentar o risco de complicações gastrointestinais, cardiovasculares e renais em pessoas com 65 anos ou mais. A pesquisa publicada na revista científica Arthritis Care and Research no final de novembro, levanta importantes questionamentos sobre o uso seguro desse analgésico tão popular.

Os Dados do Estudo

A pesquisa analisou dados de 180.483 pacientes do Reino Unido, todos com 65 anos ou mais, que utilizaram paracetamol em tratamentos de pelo menos um ano entre 1998 e 2018. Esses dados foram comparados com os de 402.478 pessoas que não fizeram uso do medicamento. Os participantes que receberam pelo menos duas prescrições de paracetamol em um período de seis meses, sem combinação com outros analgésicos, foram classificados como “expostos ao paracetamol”.

Riscos Associados ao Uso Prolongado

Os resultados indicaram um aumento significativo no risco de diversas condições adversas entre os idosos que usaram paracetamol por mais de 12 meses:

  • Sangramento no trato gastrointestinal inferior: aumento de 36%;
  • Sangramento de úlcera péptica: aumento de 24%;
  • Úlceras pépticas não complicadas: aumento de 20%;
  • Insuficiência renal crônica: aumento de 19%;
  • Insuficiência cardíaca: aumento de 9%;
  • Pressão alta: aumento de 7%.

Ressalvas Importantes

Os pesquisadores ressaltam que o estudo possui limitações. Por exemplo, os dados foram baseados em pessoas que compraram o medicamento apenas por meio de prescrição médica, o que pode ter reduzido a amostra de usuários independentes. Além disso, a relação entre o uso do paracetamol e as condições adversas não implica necessariamente causalidade direta.

De acordo com o professor Weiya Zhang, autor sênior do estudo, as descobertas sugerem que o uso de paracetamol como analgésico de primeira linha em condições de longo prazo, como a osteoartrite em idosos, deve ser reavaliado. “Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar nossas descobertas, dado seu efeito mínimo de alívio da dor, o uso de paracetamol precisa ser cuidadosamente considerado em tratamentos de longo prazo”, afirma Zhang.

O estudo sugere que médicos e pacientes reflitam sobre os riscos e benefícios do paracetamol em tratamentos prolongados, especialmente para idosos. A equipe destaca a necessidade de novas pesquisas para confirmar os resultados e refinar as orientações clínicas.

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