Os pais de Marieme e Ndeye ouviram dos médicos que elas sobreviveriam apenas alguns dias quando elas nasceram
Gêmeas siamesas que não puderam ser separadas, elas agora estão com 7 anos – e acredita-se que sejam as únicos siamesas ainda ligadas e em crescimento na Europa.
Embora as duas meninas tenham personalidades e humores únicos, elas dependem uma da outra para sobreviver.
“Quando lhe dizem desde o início que não há futuro, você vive apenas para o presente”, diz o pai delas, Ibrahima.
Cerca de metade deles nascem mortos, e outro terço morre 24 horas após o nascimento.
Portanto, ver Marieme e Ndeye comemorar seu sétimo aniversário com uma turma de amigos não dá alegria apenas a Ibrahima, mas também aos médicos que cuidaram delas.
Marieme e Ndeye compartilham um par de pernas e uma pélvis, mas cada uma tem uma medula espinhal e um coração.
Eles recebem cuidados 24 horas por dia, mas frequentam uma escola normal no sul do País de Gales.
“Elas são guerreiras e estão provando que todos estão errados”, diz Ibrahima.
“Minhas filhas são muito diferentes. Marieme é muito quieta, tem uma personalidade introvertida, mas com Ndeye é completamente diferente, ela é muito independente”, diz ele.
“Não vou dizer que é fácil, mas é um enorme privilégio testemunhar esta batalha constante pela vida.”
Quando as gêmeas nasceram em 2016, no Senegal, os médicos previam que elas não viveriam muito mais do que alguns dias.
“Eu estava me preparando para perdê-las muito rapidamente”, diz Ibrahima ao documentário Inseparable Sisters (Irmãs Inseparáveis, em tradução livre) da BBC.
Médicos no Senegal, país de origem das meninas, acreditavam que a melhor chance de sobrevivência seria a separação.
Depois de ligar para hospitais de todo o mundo “implorando” por ajuda, a família chegou ao Reino Unido para tratamento no Great Ormond Street Hospital, em Londres, em 2017.
Ibrahima esperava que o renomado hospital infantil, que separou mais gêmeos siameses do que qualquer outro lugar do mundo, fosse capaz de separá-las e que elas pudessem voltar para casa. Seus irmãos e irmãs esperavam em Dacar – mas não foi isso que aconteceu.
Os exames descobriram que o coração de Marieme era fraco demais para a complexa cirurgia e ela não sobreviveria à operação.
Os médicos especialistas alertaram a família que, sem separação, nenhuma das filhas poderia sobreviver mais do que alguns meses.
Ibrahima e uma enorme equipe de médicos especialistas discutiram longamente a complexa decisão de separar ou não as meninas.
Finalmente foi decidido que a melhor opção seria não separá-las.
“Seria matar uma das minhas filhas por outra, é algo que não poderia fazer”, disse Ibrahima na época. “Não posso me permitir escolher quem vai viver e quem vai morrer.”
Após a decisão, a mãe regressou ao Senegal para cuidar dos outros filhos. Marieme, Ndeye e Ibrahima permaneceram no Reino Unido para receber cuidados médicos e os três se mudaram para Cardiff.
“Não poder voltar para casa foi muito difícil porque tinha o resto da família e meu trabalho”, diz Ibrahima, que é ex-diretor administrativo de uma agência de viagens no Senegal.
“Mas não pensei muito, apenas segui meu coração. É minha responsabilidade garantir que elas terão alguém que estará aqui para ajudá-las, esse passou a ser meu propósito de vida.”
As gêmeas precisam de exames com frequência, pois correm sério risco de infecção e insuficiência cardíaca.
“No início foi tudo muito novo. Era algo sobre o qual eu só havia lido em livros didáticos”, diz Gillian Body, pediatra consultora do Hospital Universitário do País de Gales.
“Eles têm duas medulas espinhais separadas com todos os seus nervos, mas de alguma forma eles se coordenam completamente e não precisam dizer uma à outra como mover um braço ou uma perna, simplesmente funciona”, afirma.
Fonte: BBC