A Coreia do Sul elevou nesta sexta-feira, pela primeira vez na história do país, o indicador sobre os serviços de saúde para o nível máximo, devido à greve de médicos internos, em protesto contra políticas governamentais.
Cerca de 60% dos médicos internos estão há quatro dias em greve, obrigando ao cancelamento ou reagendamento de metade das cirurgias em alguns hospitais do país, contra o plano do Governo de aumentar as vagas nas escolas médicas.
Em resposta, o Governo implementou várias medidas de mobilização de pessoal e recursos, tornando obrigatória a prestação de serviços de telemedicina em todos os centros médicos e ativando subsídios para a contratação de mais trabalhadores temporários.
As autoridades alargaram ao máximo o horário de consultas nos hospitais públicos e criaram quatro centros de gestão de crises para gerir o transporte de doentes graves. Isto depois de, na terça-feira, terem aberto ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares.
A imprensa da Coreia do Sul referiu casos de pessoas que tiveram de percorrer dezenas de quilómetros e esperar horas para receber atendimento de urgência.
No total, 8.897 médicos estagiários apresentaram a demissão e 7.863 deles (60% dos que trabalham no país) abandonaram efetivamente os seus empregos, de acordo com dados hoje divulgados pelo Ministério da Saúde.
Na quarta-feira, o Governo da Coreia do Sul, que emitiu ordens aos internos para o regresso ao trabalho, anunciou que pretende emitir ordens de detenção e ainda deverá acusar aqueles que instigam à greve.
Em causa está uma reforma anunciada pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que visa aumentar o número de estudantes admitidos nas escolas médicas em 65%, ou mais 2.000 pessoas por ano, a partir de 2025.
O Governo da Coreia do Sul justifica esta medida como necessária para preparar o país para uma população cada vez mais idosa.
Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções das autoridades.
O Governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.
Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.
Fonte: Lusa