Um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com Brasil, África do Sul, Quénia e Geórgia mostra os benefícios na saúde mas também na economia dos investimentos feitos em rastreios e tratamentos preventivos da tuberculose.
“A investigação mostra que investimentos modestos podem conduzir a benefícios na economia e na saúde dos quatro países (analisados), com um retorno de até 39 dólares (cerca de 32 mil kwanzas) por cada dólar investido (830 kwanzas)”, revelou ontem a OMS através num comunicado sobre o estudo feito em parceria com os governos do Brasil, África do Sul, Quénia e Geórgia.
Embora os esforços globais de combate à tuberculose tenham salvado cerca de 75 milhões de vidas desde 2000, a tuberculose causa 1,3 milhões de mortes por ano e afeta outros milhões, “com enormes impactos nas famílias e nas comunidades”, salienta a Organização.
“Hoje, dispomos dos conhecimentos, das ferramentas e do compromisso político que podem pôr fim a esta doença milenar que continua a ser uma das principais causas de morte infecciosa no mundo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado.
De acordo com o estudo agora divulgado, a implementação do rastreio da tuberculose e do tratamento preventivo pode reduzir substancialmente a incidência e a mortalidade provocada pela doença.
Segundo o relatório da OMS, “estes investimentos cruciais na saúde pública são essenciais para responder às necessidades das populações vulneráveis e alcançar os objetivos para erradicar a doença”.
Em 2022, a OMS verificou uma recuperação significativa a nível mundial na expansão do acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento da tuberculose, com o valor mais elevado registado desde que a OMS iniciou a monitorização global da doença em 1995.
No entanto, o aumento do acesso ao tratamento preventivo da tuberculose tem sido lento, alertou.
“É fundamental oferecer tratamento preventivo da tuberculose às pessoas com VIH [vírus da imunodeficiência humana], aos contactos domiciliários dos doentes com tuberculose e a outros grupos de alto risco”, declarou.
A tuberculose multirresistente (TB-MDR) continua a ser uma crise de saúde pública, segundo a OMS.
Embora se estime que 410.000 pessoas tenham desenvolvido tuberculose multirresistente ou resistente à rifampicina (um antibiótico contra a doença infecciosa) em 2022, apenas cerca de duas em cada cinco pessoas tiveram acesso ao tratamento, informou a OMS.
“Os progressos no desenvolvimento de novos diagnósticos, medicamentos e vacinas contra a tuberculose continuam a ser limitados pelo nível global de investimento nestes domínios”, explicou.
Os resultados desta investigação foram ontem publicados no âmbito do Dia Mundial da Tuberculose, que se assinala em 24 de março.
Este ano, o dia decorrerá sob o lema “Sim, podemos acabar com a tuberculose!”, que, de acordo com a OMS, pretende “transmitir uma mensagem de esperança de que é possível voltar ao caminho certo para inverter a maré contra a epidemia de tuberculose através de uma liderança de alto nível, de maiores investimentos e de uma adoção mais rápida das novas recomendações da OMS”.
“Na sequência dos compromissos assumidos pelos Chefes de Estado na reunião de alto nível da ONU em 2023 para acelerar os progressos no sentido de acabar com a tuberculose, a tónica deste ano passa a ser a transformação desses compromissos em ações tangíveis”, referiu.
Dentro desses compromissos estão: alcançar 90% das pessoas necessitadas com serviços de prevenção e cuidados da doença; usar um teste rápido recomendado pela OMS como o primeiro método de diagnóstico; fornecer um pacote de benefícios sociais e de saúde a todas as pessoas doentes; garantir a disponibilidade de pelo menos uma nova vacina que seja segura e eficaz; fechar as lacunas de financiamento para a implementação e pesquisa da tuberculose até 2027.
Fonte: Lusa