Cerca de 10 mil crianças nascem, anualmente, com hidrocefalia no país, das quais cerca de 60% acabam por morrer por falta de acesso precoce ao tratamento. A informação foi divulgada nesta terça-feira, por Graciana Tomás, responsável da Associação Messias pelas Crianças, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A dirigente associativa falava à imprensa após um encontro com os deputados da 7.ª Comissão de Trabalhos Especializada da Assembleia Nacional. Segundo ela, apenas entre 300 a 400 crianças com hidrocefalia conseguem acesso ao tratamento adequado.
A principal causa da elevada taxa de mortalidade, segundo Graciana Tomás, é a escassez de unidades hospitalares especializadas no país. Actualmente, o Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, é a única unidade hospitalar pública que realiza tratamento da doença, o que obriga famílias de outras províncias a percorrerem longas distâncias em busca de socorro médico.
Sem detalhar a estatística por província, a responsável indicou que Cabinda, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Huambo e Bié são as regiões com maior incidência de casos. Muitos pacientes chegam ao Hospital Pediátrico David Bernardino em estado clínico avançado, o que dificulta ainda mais a intervenção médica.
No que toca ao trabalho desenvolvido pela Associação Messias pelas Crianças, Graciana Tomás disse que mais de 50 crianças com hidrocefalia têm recebido acompanhamento clínico, psicológico e social, por meio de iniciativas da organização.
Por sua vez, o presidente da 7.ª Comissão da Assembleia Nacional, deputado Paulo Faria, classificou os dados como “preocupantes” e defendeu a necessidade de respostas concretas por parte de instituições públicas, privadas e da sociedade civil.
O parlamentar reconheceu a carência de unidades especializadas para o tratamento da hidrocefalia e garantiu que a problemática será levada em conta nas discussões sobre o Orçamento Geral do Estado (OGE), com o objetivo de alocar verbas específicas para suprir as necessidades mais extremas.
Jornal de Angola