No dia 7 de outubro de 2024, o Comité do Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia, anunciou os vencedores do Prémio Nobel de Medicina, Victor Ambros e Gary Ruvkun, pela descoberta dos microRNA, pequenas moléculas de ácido ribonucleico que desempenham um papel vital na regulação genética pós-transcricional, um processo fundamental para o desenvolvimento das células do corpo.
O Papel dos microRNA na Biologia Molecular
Os microRNA desempenham um papel essencial no desenvolvimento das células do corpo, regulando como os genes são ativados ou desativados a nível celular. Segundo Claire Fletcher, professora de oncologia molecular no Imperial College London, os microRNA funcionam como “instruções genéticas” que permitem às células produzir novas proteínas e regular o comportamento dos genes.
Fletcher destaca duas áreas principais em que os microRNA podem ser especialmente úteis: no desenvolvimento de medicamentos e como biomarcadores. Estes pequenos fragmentos de RNA podem ser utilizados para regular genes específicos, o que é fundamental no tratamento de doenças como o cancro. Ao introduzir microRNAs que inibem a atividade de genes mutados, é possível travar o desenvolvimento da doença em nível celular.
No exemplo do cancro, Fletcher explica que um gene que trabalha em “horas extra” pode sofrer mutações, acelerando o crescimento descontrolado das células. A introdução de microRNA adequado pode neutralizar essa atividade anormal, oferecendo uma nova abordagem terapêutica.
Os Laureados: Victor Ambros e Gary Ruvkun
Victor Ambros, nascido em Hanover, New Hampshire (EUA), é professor na Universidade de Massachusetts, em Worcester. A sua pesquisa focou-se na descoberta dos microRNAs e na compreensão da sua função na biologia celular.
Gary Ruvkun, nascido em Berkeley, Califórnia (EUA), é médico e pesquisador no Hospital Geral de Massachusetts e na Escola de Medicina de Harvard, em Boston. Ruvkun foi pioneiro na revelação do papel dos microRNAs na regulação genética, ajudando a desvendar como os genes são controlados e como as suas funções podem ser modificadas em diferentes condições.
Impacto na Ciência e na Medicina
A descoberta dos microRNA abriu novas possibilidades para a biomedicina, permitindo o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados para diversas doenças. No caso de doenças genéticas e do cancro, o uso terapêutico de microRNA pode ajudar a controlar genes mutados, oferecendo esperança para tratamentos menos invasivos e mais específicos.
A comunidade científica vê este avanço como uma revolução no campo da biologia molecular, permitindo abordagens mais precisas na medicina personalizada e na biotecnologia.