Cerca de 200 mil pessoas em Angola sofrem de perturbações mentais, incluindo stress, ansiedade, depressão, epilepsia, doenças psicossomáticas e abuso de substâncias toxicodependentes. Esta preocupante realidade foi revelada na quinta-feira pela coordenadora nacional do Programa de Saúde Mental, Massoxi Vigário, durante o acto de apresentação de um concurso de artes dedicado à Saúde Mental.
Segundo Massoxi Vigário, estes 200 mil pacientes fazem parte de um total de 377 mil indivíduos assistidos pelos serviços de saúde mental a nível nacional, desde 2020 até ao primeiro semestre deste ano. A coordenadora destacou que a faixa etária mais afectada por esses transtornos mentais abrange adultos entre 25 e 49 anos, seguidos por adolescentes entre 15 e 27 anos. Também foram registados casos significativos entre indivíduos mais velhos, de 50 a 60 anos, e, em menor número, entre crianças.
A psicóloga sublinhou que o número de crianças afectadas por perturbações mentais tem vindo a aumentar, destacando a importância da presença de psicólogos em escolas e creches. Estes profissionais são cruciais para identificar e abordar precocemente as limitações das crianças, facilitando o processo de ensino e aprendizagem.
Massoxi Vigário alertou que factores como a pobreza, a violência familiar, o bullying e a ausência de apoio financeiro dos pais estão entre as principais causas que afectam a saúde mental das crianças, dificultando o seu desenvolvimento académico. Segundo a especialista, estas situações criam traumas que podem comprometer a vida futura dos jovens.
A psicóloga enfatizou ainda a necessidade urgente de capacitar os professores com ferramentas psicológicas para que possam prestar uma atenção mais inclusiva e eficaz aos alunos sob sua responsabilidade. Esta formação permitiria não apenas a identificação precoce de transtornos mentais, mas também a implementação de estratégias adequadas para apoiar os estudantes.
Nos últimos anos, os serviços de saúde mental em Angola têm registado um aumento alarmante no número de pacientes com transtornos mentais, o que tem dificultado o processo de recuperação dos mesmos. Este cenário, segundo Massoxi Vigário, causa stress adicional não só aos pacientes, mas também às suas famílias, reforçando a necessidade de medidas preventivas e de apoio contínuo.
A coordenadora concluiu com um apelo à actuação desde as bases, reiterando que a prevenção e a intervenção precoce são fundamentais para melhorar a saúde mental da população no país.