O Hospital Municipal de Talatona está no centro de uma acusação após paciente denunciar a exigência de dois balões de sangue como condição para receber alta médica após procedimentos como cesarianas e curetagens. A prática, alegadamente institucionalizada, tem deixado mulheres em situação de vulnerabilidade, algumas até forçadas a fugir do hospital para evitar a retenção ilegal.
Relato da Paciente: “Tive que fugir do hospital”
Vilma António, uma das pacientes, contou ao Jornal de Angola que deu entrada na Maternidade do Hospital Municipal de Talatona no dia 21 deste mês devido a complicações na gravidez, que resultaram em aborto. Após o procedimento, foi informada de que só receberia alta se entregasse dois balões de sangue ou conseguisse dois doadores.
Sem conhecimento prévio dessa exigência, Vilma recusou-se a cumprir a determinação, e por isso teve a alta negada. “Havia muitas mulheres presas por não entregarem os balões de sangue exigidos”, relatou. O seu esposo tentou arranjar doadores, mas estes cobravam 20 mil kwanzas por cada doação, valor que a família não tinha condições de pagar. Sem alternativas, Vilma viu-se obrigada a “apanhar os médicos distraídos e fugir do hospital”.
A equipa do Jornal de Angola deslocou-se ao Hospital Municipal de Talatona para obter esclarecimentos. Após horas de espera, a directora clínica da instituição informou que não se podia pronunciar sobre o assunto, sem fornecer qualquer justificativa para a prática denunciada.
Fonte: JA